Com o conhecimento sobre o câncer de mama hereditário, o mastologista atualmente tem a oportunidade de agir não somente no tratamento da doença mas também na prevenção dela. Aproximadamente 5 a 10% dos cânceres de mama são considerados hereditários, o que significa que é causada por uma mutação genética que é transmitida de geração em geração. A mais conhecida mutação associado ao câncer de mama é a dos genes BRCA-1 e BRCA-2, que foi amplamente divulgada na mídia em 2013 com a cirurgia da mastectomia profilática da atriz Angelina Jolie. A mutação nesses genes pode significar um risco de desenvolver câncer de mama durante a vida de 50 a 80% e de ovário entre 20 a 40%. “Há ainda varias outras mutações genéticas que podem ser herdadas e relacionadas ao maior risco de câncer de mama e a avaliação do risco de mutação de cada mulher pode ser estimado por um profissional adequado, geralmente oncogeneticista ou mastologista especializado em alto risco, que avaliarão detalhes importantes como quais tipos de câncer, quanto, quais e idade dos familiares acometidos” explica Dra Patricia Kajikawa, mastologista da clinica Femme.
Nos casos que o risco estimado de mutação genética é alto, há indicação do teste para pesquisa de mutação genética que apesar do custo elevado, deve ser coberto pelos planos de saúde quando solicitado pelo geneticista (regulamentado desde 2013 pela ANS- Agencia Nacional de Saúde). Com resultados positivos para mutações específicas em alguns genes, a mulher pode ter a opção das chamadas cirurgias redutoras de risco. São a mastectomia bilateral e a salpingooforectomia bilateral, que de maneira simplificada significa retirar as mamas, trompas e ovários sadios para diminuir em até 94 % risco de desenvolver câncer de mama e ovário. Devido as consequências que as cirurgias podem levar, é uma decisão que deve ser tomada em conjunto com seu mastologista após muito bem esclarecidos riscos e benefícios dos procedimentos.
Deve-se lembrar porém que aproximadamente 90% dos cânceres de mama são esporádicos, ou seja causado por um “erro” no material de DNA ao acaso e nessas situações, o mais importante com certeza é o diagnóstico da doença em fases iniciais e o tratamento adequado. Assim, é considerada pequena a parcela de mulheres atualmente que podem se beneficiar dos testes genéticos e das cirurgias profiláticas. Contudo “é muito grande o potencial benefício que pode ser proporcionado a cada uma delas e por isso, identifica-las é muito importante” reforça Dra Patricia. Mulheres devem ser conscientes da sua história familiar e procurar um especialista, o mastologista, quando necessário.